O agronegócio vive um momento de transformações, e a eficiência é considerada um aspecto cada vez mais importante. Nesse contexto, a irrigação é uma ferramenta versátil e eficaz para alcançar uma série de objetivos.
Por exemplo, pecuaristas em todo o Brasil estão encontrando no pivô central uma solução otimizada para garantir pastagens em qualidade e quantidade suficientes durante todo o ano, contribuindo para a rentabilidade de todo o sistema de produção. Assim, nesta edição da Pivot Point, conversamos com o dr. Adilson de Paula Almeida Aguiar, professor e pesquisador dos
cursos de Agronomia e Zootecnia nas Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu). Adilson é especialista em Solos e Meio Ambiente (pela Universidade Federal de Lavras – UFLA) e Manejo de
Pastagens (pela Massey University, na Nova Zelândia), e atua, também, como coordenador dos cursos de pós-graduação em Manejo de Pastagem e em Nutrição e Alimentação de Ruminantes, na Fazu.
Pivot Point – Como a irrigação por pivô central pode contribuir para o aumento da produtividade dos rebanhos bovinos?
Adilson Aguiar: Nos últimos 118 anos, os objetivos da irrigação de pastagem têm sido solucionar o problema da estacionalidade de produção de forragem, reduzir custos de produção e tempo de trabalho para alimentar o rebanho, obter maior retorno líquido na produção animal quando comparado aos sistemas que precisam usar forragens conservadas (silagens, pré-secados, fenos) e grãos, usar menor área para a produção animal (intensificação do uso da terra), usar águas residuárias e dejetos líquidos de animais.
Pivot Point – Hoje, como o senhor vê o cenário da pecuária irrigada no país?
Adilson Aguiar: No penúltimo Censo Agropecuário, publicado pelo IBGE em 2006, encontra-se que 6.35% dos estabelecimentos agropecuários adotavam sistemas de irrigação, e que apenas 1.3% da área agricultável era irrigada. No último Censo Agropecuário, temos dados preliminares, que ainda não foram citados, mas estima-se que aproximadamente 6 milhões de hectares sejam irrigados. Entretanto, até onde eu sei, não existem dados específicos de áreas irrigadas para a produção animal, tais como áreas de pastagens e para produção de volumosos suplementares
(silagens, fenos, etc).
Pivot Point – Mas é possível identificar se a implantação do pivô é mais utilizada hoje pela pecuária de corte ou leiteira?
Adilson Aguiar: Entre os meus clientes que irrigam sistemas de produção pecuária, que acompanho desde 1997, a maior proporção é de produtores de gado de leite.
Pivot Point – Nos últimos anos, pode-se observar o aumento na busca por sistemas de irrigação por parte dos pecuaristas. Ainda há espaço para crescimento?
O senhor acredita que este é um caminho?
Adilson Aguiar: No histórico da adoção de sistemas de irrigação na produção pecuária, é possível identificar três fases: a primeira foi liderada pela pesquisa entre meados da década de 60 e meados da de 70. A segunda foi liderada pelos produtores, entre meados da década de 90 e meados dos anos 2000. Agora é possível identificar o início de uma terceira fase, que considero ser uma fase de “maturidade” na adoção da tecnologia, sem “modismos”.
Pivot Point – O pivô central é o melhor sistema de irrigação, o mais indicado para pastagem? Por quê?
Adilson Aguiar: Existem vários sistemas de irrigação, tais como os pivôs central e linear, a aspersão convencional com tubos superficiais, a aspersão em malha, o canhão autopropelido, a irrigação por inundação, etc., mas os sistemas mais adotados com sucesso em pastagens no Brasil têm sido o pivô central (geralmente, para áreas acima de 50 ha) e a aspersão em
malha (geralmente, para áreas menores que 50 ha).
Pivot Point – A fertirrigação é mais eficiente e vantajosa quando comparada ao método convencional de adubação?
Adilson Aguiar: As principais vantagens da fertirrigação estão relacionadas à redução nos custos de aplicação de fertilizantes da ordem de 50% a 87%, pois se economiza na mão-de-obra, maquinário e equipamentos; redução na compactação do solo por máquinas e implementos agrícolas; flexibilidade na aplicação de nutrientes, na falta de chuvas, e mais parcelada, e maior uniformidade na distribuição dos fertilizantes, principalmente, para os micronutrientes, que são aplicados em pequenas quantidades. Ainda se tem como vantagens a economia de energia; a redução nas perdas de nitrogênio por volatilização (até 50% de redução); a possibilidade da aplicação de herbicidas com fertilizantes; o melhor controle da aplicação das quantidades
planejadas e a possibilidade de aplicação de chorume e vinhaça.
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